quarta-feira, 9 de novembro de 2011


Você é...

Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra.

Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.

Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda.

Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima.

Você é aquilo que reinvidica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia.

Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.


(Martha Medeiros)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ainda há tempo

Há tempo de rever velhos conceitos que carregamos durante décadas e não nos damos conta de que já estão ultrapassados.

Ainda há tempo de terminarmos aquele curso que interrompemos, por falta de dinheiro ou de paciência ou porque alguém nos disse que não deveríamos fazê-lo.

Ainda há tempo de parar de fumar, de fazer exercício e de aprender a nadar.

Ainda há tempo de olhar para a vida sob outra ótica e melhorarmos a sua qualidade, deixando de lado as preocupações que nos atormentam na hora de dormir.

Ainda há tempo de ensinarmos nosso filho a andar de bicicleta e a jogar xadrez, de contarmos histórias, tempo de escutarmos os mais velhos.

Ainda há tempo de amar, de chorar, gargalhar, de sair na chuva sem culpa por chegar molhado e sem medo do resfriado.

Ainda há tempo de comprar um cachorro, de ouvir Jimmy Hendrix e de tomar um cuba-libre; tempo de sentar na calçada e atravessar a madrugada sem pensar em nada.

Ainda há tempo de escrever um livro, de fazer uma horta e de comer jabuticaba do pé; tempo de cantar no chuveiro e assistir uma ópera.
Ainda há tempo de saltar de pára-quedas, de voar de asa-delta, de fazer serenata, de namorar e beijar na boca.

Ainda há tempo para ser poeta, de estudar filosofia e conhecer a Vila Madalena; tempo de ir com a amada comer feijoada e trocar confidências.

Ainda há tempo de comprar uma moto, de fazer rapel ou andar de jipe; tempo de ter dezoito ou noventa anos com saúde e honestidade.

Ainda há tempo de fazer um spaghetti, de abrir um vinho, comer pastel na feira e de encarar uma fila de banco no dia cinco de cada mês.

Ainda há tempo de tomar café no aeroporto de madrugada e de ler a manchete fresquinha do jornal de domingo.

Ainda há tempo de sair mais cedo do escritório pra jogar boliche ou andar de kart.
Tempo de sair da janela e ir lá embaixo enfrentar o tráfego só pra chegar em casa mais cedo.

Ainda há tempo de acreditar em Deus, de aceita-lo,de pedir pelo bem de todos, de abrir o coração e reconhecer que erramos e pedir perdão.

Ainda há tempo de corrigir erros do passado, praticar a humildade e fazermos aquilo que, no fundo, sabemos que tem que ser feito, surpreender.

Ainda há tempo de limpar a gaiola do passarinho, de levar o cachorro para passear e conversar com seu vizinho.
Ainda há tempo de dar o real valor a você aos que lhe amam.
Há tempo de saber que a vida é como uma roda em movimento ladeira abaixo. Se parar, ela irá cair; se não for dirigida ou contida, irá destruir quem encontrar em seu caminho.

Portanto o ainda não existe, tudo depende de nós e sempre haverá um tempo para a vida.

O tempo não parar. Aproveite enquanto ainda há tempo.


(Nelson Sganzerla)



















terça-feira, 1 de novembro de 2011














"Colocarei minha sorte a teus pés, seguindo-Te pela vida como meu AMO e SENHOR"
(Shakespeare, Willian - Romeo and Juliet)